No mês do Orgulho LGBTQIAP+, Ana Lisboa e Guilherme Gozo falam sobre espiritualidade, identidade e as feridas invisíveis que ainda marcam a comunidade
Ser LGBTQIAP+ ainda é, para muitos, viver com medo de decepcionar. No episódio especial do podcast Feminino Moderno, Ana Lisboa e Guilherme Gozo expõem com delicadeza e coragem o que há por trás da dor que muitas vezes se disfarça de piada, exagero ou afastamento: rejeição, humilhação e abandono. “Se você não decepcionar seus pais, você não cresce”, diz Guilherme. A frase desconcerta e revela o quanto a identidade de gênero ou orientação sexual se entrelaça com a dor de não ser visto, amado ou aceito.
Para Ana, a verdadeira cura gay não é sobre reverter uma orientação. É sobre integrar traumas antigos. “É a cura das dores da infância, do medo de ser rejeitado, do vazio emocional. Cura não é mudar quem você é. É acolher quem você sempre foi”, afirma. O caminho passa por resgatar a espiritualidade longe da culpa e da punição.
O episódio mergulha em feridas profundas da comunidade. O abandono familiar, a dependência emocional, o uso do humor como escudo. “Muita gente se antecipa à rejeição com piada, mas ainda carrega um medo brutal do silêncio. De ficar sozinho. De não ser suficiente”, analisa Ana. Guilherme compartilha que só começou a se curar quando decidiu parar de fugir e sentir com a própria dor. “Hoje eu sei que posso sentir tristeza. E que isso também é cura.”
Em meio à conversa, os dois revelam a importância da integração. Entre masculino e feminino, espiritualidade e corpo, fé e autenticidade. “O futuro não é só feminino. O futuro é integração. Homem também tem feminino. Mulher também tem masculino. Não é sobre gênero, é sobre alma”, diz Ana.
O projeto LGBTerapia, que nasce desse encontro, propõe um espaço raro. “Um lugar de escuta, verdade e reconstrução. Um território em que o orgulho não precisa vir apenas como grito político, mas também como sussurro de paz, onde a identidade não é debate, é direito. E onde a cura, a verdadeira, começa exatamente onde a ferida nasceu”, finaliza Ana Lisboa.

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