A edição especial do Perfil CLA Magazine, fecha 2024 e abre 2025 com uma entrevista memorável reveladora. Nessa edição comemorativa, trazemos a Advogada, educadora e comunicadora, Debora de Castro da Rocha, que fotografou exclusivamente para a CLA Magazine, assim como nos concedeu essa entrevista intimista e inspiradora.
Olá, Débora! Primeiramente, gostaria de agradecer em nome de toda a equipe da CLA Magazine pela sua disponibilidade em responder a esta entrevista.
Debora, você pode nos contar um pouco sobre sua infância, suas memórias e como o Japão sempre esteve presente em sua trajetória?
Tive uma infância que até os meus seis anos foi repleta de felicidades, de lindos momentos, quando construí memórias que levarei para sempre em meu coração. Tive a dádiva de conviver com a minha avó materna todos os dias até próximo de completar sete anos. Ela foi um grande anjo na minha vida! Foram poucos anos ao lado dela, mas foram os melhores da minha infância e que marcaram profundamente a minha existência, pois me permitiram construir as minhas principais bases. Os meus pais sempre foram carinho, amor e a força, e foram o meu maior apoio durante a minha vida. Graças ao apoio, ajuda e amor que me deram eu consegui trilhar o meu caminho e chegar onde cheguei. Cada conquista tem muito deles, pois sem eles eu certamente não estaria aqui hoje contando parte do que eu vivi. Lembro-me com muito carinho daquela vida simples, daqueles momentos em que minha avó costurava roupinhas para as minha bonecas, me permitia pegar da comida que ela havia acabado de preparar, para que eu pudesse brincar de casinha e do quanto ela ficava feliz quando me via chegar, me acolhendo carinhosamente no seu abraço! Lembro-me dos doces que ela me dava escondido dos olhares da minha mãe, sempre cautelosa com a alimentação e excessos, e dos domingos quando chegávamos para o almoço na sua casa e ela super empolgada cozinhando e com a mesa repleta de cucas que tinha acabado de assar, cujo aroma era sentido por toda a casa. Aquele clima de alegria, de confraternização, com a música do “domingo do parque” do programa Silvio Santos tocando ao fundo! Lembro dos meus avós dançando músicas alemãs e em especial, da última festa de aniversário dela de 58 anos, quando eles rodopiavam na pista ao som daquela canção alegre que nem de longe se imaginava que seria uma das últimas que eles dançariam juntos. Eu desde pequena sempre fui muito curiosa, destemida e sempre quis ir além, me superar, a ponto de pegar um barco que o meu tio havia construído e sair com apenas 5 anos remando o dito barquinho, levando algumas amigas junto. Lembro até hoje do desespero da minha avó na beira do rio me pedindo, com o sotaque alemão super carregado, para que eu retornasse à margem. Essa vontade de ir além, e bem além, apareceu quando eu tinha 4 anos, e falei ao meu pai que iria para o Japão, e ele meio sem entender, me questionou se eu sabia onde o Japão ficava e eu respondi que sim, que ficava do outro lado do mundo. Passei desde então a nutrir esse sonho e desejo de ir para lá, o que ocorreu quando eu tinha 17 anos. Foi de longe a mais desafiadora e fantástica experiência que eu tive a oportunidade de viver. Tive momentos muito felizes naquele país, de muita realização pessoal, mas também enfrentei grandes dificuldades, incialmente culturais e da própria comunicação, pois não sabia falar quando fui, o que consistia em uma imensa barreira e me trazia muitas dificuldades no dia a dia. Depois de quase cinco anos lá, eu já havia superado essas dificuldades e me adaptado a linguagem e a cultura. Tinha me adaptado tão bem que já não pensava mais em voltar ao Brasil. No entanto, após o nascimento do meu filho mais velho, do meu primeiro casamento, comecei a repensar os meus projetos, pois já não tinha mais certeza se continuar no Japão seria a melhor opção, espacialmente para o futuro dele, e também de certo modo, para o que eu queria para o meu futuro, pois ao mesmo tempo que eu disse com 4 anos que queria ir para o Japão, eu também disse que iria ser advogada, sonho esse que igualmente me embalou durante anos. Muito embora eu amasse o Japão, como amo até hoje, após quase 10 anos lá, resolvi retornar e trazer o meu filho para o Brasil, recomeçando a vida aqui, o que ocorreu após alguns sobressaltos pessoais que infelizmente tive que enfrentar lá. Afinal, quem não os enfrenta!? Até hoje tenho o meu coração dividido, sinto muita saudade do Japão e uma vontade imensa de retornar, mas tenho plena consciência de que preciso estar aqui e sou ao mesmo tempo muito grata por tudo que tive a oportunidade de viver no Japão, por tudo que aprendi, por tudo que me tornei e por todas as experiências que tive, que contribuíram para me fortalecer, me direcionar e me ensinar o que eu precisava aprender! Em mim só cabe gratidão!
Nesse sentido, quando você migrou para o Japão, as coisas aconteceram como imaginava? Como foi o sentimento de realizar essa mudança tão importante em sua vida?
Nem tudo foi como eu imaginava, pois tinha muitas fantasias, via o mundo de uma forma ainda muito romantizada. Estava apaixonada e como ainda era muito nova, não fazia ideia do que realmente iria enfrentar. Nem tudo foram flores, mas amadurecei e aprendi muito durante a minha estadia lá, mas nem de longe reclamo, pelo contrário, creio que essa experiência foi fundamental e se eu precisasse, faria tudo novamente, pois cada momento, experiência, dificuldade e até mesmo dor, me fez ver o mundo com outros olhos, a partir de uma nova perspectiva. Cresci, amadureci e me fortaleci. Tenho imensa gratidão pelo processo, da minha trajetória, pelas dificuldades que enfrentei, pelos momentos que vivi, pelo conhecimento que adquiri, pelas pessoas que encontrei e com as quais convivi durante aqueles 10 anos, pois certamente foram fundamentais para a minha transformação e para a construção de quem eu sou.
Com seu retorno ao Brasil, agora com seu primeiro filho, o Matheus, como a advocacia passou a fazer parte da sua vida?
Meu retorno foi muito difícil, porque ao mesmo tempo que tomei a decisão, e que entendi que o melhor seria voltar, o apego a vida que eu tinha no Japão e o encerramento daquele ciclo doeu demais, pois tudo que eu tinha como vida estava ruindo. Tive que reaprender a viver no Brasil com um filho pequeno para criar, e recomeçar com muitas dificuldades pessoais e financeiras. Me senti perdida e completamente sem rumo em muitos momentos. A vontade de voltar para o Japão foi grande, mas me mantive firme no propósito de refazer a vida que tinha abandonado quando fui embora e especialmente de realizar o outro sonho que nutria desde a infância, me tornar advogada. Foi nesse momento, que através do aprendizado que tive no Japão, em especial, de ter me tornado muito resiliente e ter desenvolvido uma grande fé na espiritualidade e na vida, voltei a estudar e ingressei no curso de Direito da Faculdade de Direito de Curitiba no primeiro vestibular que prestei, na qual também tencionava estudar desde a época em que cursava magistério no Instituto de Educação do Paraná. Em menos de 1 ano consegui ingressar em um dos maiores escritório de advocacia do país e lá aprendi a verdadeira arte de advogar, onde entrei como trainee no primeiro processo seletivo criado para o fim de selecionar novos talentos. Trabalhei durante 4 anos nesse escritório, que me possibilitou aprender com profissionais incríveis e as grandes referências no Brasil em Direito Tributário e Societário. Após sair desse escritório tive outras experiências em escritórios menores, e algumas amargas experiências que me ensinaram muito sobre o ser humano e em como não atuar e não agir, mas todas foram válidas e super importantes para que eu felizmente entendesse, apoiada pelo meu marido, que também é advogado e meu grande parceiro de vida, que tinha que trilhar o meu próprio caminho, abrir o meu próprio escritório, realizando assim um grande sonho que consistia na implantação de um método de trabalho que associa boas práticas com boa técnica jurídica, excelência na prestação de serviços jurídicos, advocacia especializada e voltada efetivamente ao atendimento personalizado e de qualidade, aliando a base que aprendi no Japão e com a grande base jurídica que tive no primeiro escritório em que trabalhei e que me oportunizou imenso crescimento profissional.
Acompanhando suas redes sociais e, claro, seu programa na TV “Direito e Justiça”, é evidente sua paixão e compromisso com a profissão. Você acredita que sua experiência no Japão teve influência na profissional que você é hoje?
Com certeza, tudo que vivi lá, me tornou aquilo que sou hoje e principalmente, despertou em mim o desejo de motivar inúmeras pessoas, o que faço através da comunicação no programa de tv, a irem em busca dos seus objetivos, especialmente, a acreditarem que é possível alcançar tudo que queremos.Trabalhei em chão de fábrica enquanto estava no Japão e faço sempre questão de compartilhar algumas experiências durante as entrevistas para que todos possam saber que não importa onde começamos, mas sim, a trajetória, a caminhada, o processo e o despertar dos nossos potenciais! E na advocacia, acredito que a influência seja justamente na força, no destemor e na capacidade de olhar para o problema do cliente e tentar me colocar no lugar dele para realmente fazer aquilo que é preciso na busca dos seus direitos enquanto cidadão e principalmente ser humano!
Nesse contexto, qual foi o maior aprendizado que você adquiriu? Aquela lição que realmente faz toda a diferença na sua vida como advogada, educadora e comunicadora?
Primeiramente, aprendi a ser muito, muito grata por tudo que tenho, por tudo que conquistei, por todas as experiências, até mesmo àquelas que foram dolorosas, pois foi quando mais aprendi, o que me permitiu chegar aqui e me tornar a pessoa que me tornei.
Aprendi a ser forte, a lutar pelo que eu queria, a superar dificuldades, ser resiliente, a valorizar cada momento, cada pessoa que passa pelo meu caminho e perceber que sempre há aprendizado. Aprendi que posso chegar onde eu quiser, que só depende de mim e de mais ninguém! Aprendi que ninguém é responsável pelo meu sucesso ou insucesso além de mim mesma. Aprendi que eu posso fazer as minhas próprias escolhas e que unicamente delas virão os resultados! E por fim, aprendi que nunca estamos sós, que nunca estamos desamparados, que a nossa fé deve nortear sempre os nossos passos e que somos meros e efêmeros alunos nessa sala de aula chamada vida!
Tive a oportunidade de conhecer seu escritório, lindamente decorado, estruturado e reconhecido em Curitiba e no Brasil pela sua excelência. Você poderia nos contar um pouco sobre a atuação do seu escritório e as áreas de atuação que ele abrange?
Agradeço muito pelo carinho e me sinto lisonjeada pela deferência!
Buscamos decorar o escritório como se fosse a extensão da nossa casa, criando assim um ambiente harmonioso, aconchegante e confortável tanto para os nossos sócios e associados quanto para os nossos clientes. Nessa linha, nos orientamos no estilo clássico, com uma mescla de peças contemporâneas, em especial, com obras de arte de artistas paranaenses e gaúchos, que trazem um ar sofisticado e ao mesmo tempo, entram em perfeita harmonia com o estilo e requinte do mobiliário clássico!
Atuamos predominantemente no Direito Imobiliário, que abrange a incorporação imobiliária, o direito condominial, o direito registral, o direito urbanístico, a regularização de imóveis, os contratos imobiliários, a responsabilidade civil envolvendo as questões imobiliárias, a assessoria imobiliária para a compra e venda de imóveis e em caso de leilões, através da due diligence imobiliária e até mesmo, o direito sucessório. Atuamos tanto de forma consultiva quanto contenciosa, e especialmente voltados para a compreensão da particularidade de cada cliente, de forma artesanal e com atendimento especializado, personalizado e de excelência, sempre em atenção a todos os detalhes e situações que possam influenciar positivamente na nossa atuação. Trabalhamos unicamente com advocacia “boutique” que nos permite olhar para a individualidade de cada cliente e na qual cada um é único e merece atendimento diferenciado.
Não posso deixar de mencionar sua paixão pela moda, decoração e arte em geral. Como esse lado mais artístico se conecta com o lado mais técnico e racional da justiça?
Creio que a sensibilidade seja a chave dessa conexão.
A minha paixão pelos detalhes da decoração clássica, por exemplo, empregada em um momento ímpar da nossa história, no qual tudo era projetado com cuidado, com beleza, opulência, personalidade, assim como pelas artes e pela moda, que se voltam a enaltecer a beleza das curvas, das linhas, das texturas, de momentos históricos, de sentimentos, e até mesmo, se prestam a conferir exclusividade, acabam refletindo na ideia de que muito embora a racionalidade impere no meio jurídico, precisamos atuar com esse mesmo olhar nos casos que nos são submetidos. Dessa forma, conseguimos perceber as individualidades e os pormenores, o que acaba requerendo de nós a busca pelo aprimoramento diário da técnica, pois muitas vezes a solução reside nos detalhes. Ao pensar nas especificidades de cada caso, conseguimos oferecer atendimento exclusivo e de qualidade, pois ainda que a advocacia não seja uma atividade de resultado, mas sim de meio, o trabalho deve ser eficiente, comprometido e sempre desenvolvido dentro da melhor técnica jurídica, a partir de um olhar criterioso e sensível que, pode-se dizer, está completamente relacionado a moda, decoração e arte.
Voltando ao programa, Debora, tive o prazer de ser entrevistado por você, e ficou claro no vídeo que é um programa muito intuitivo. Embora as pautas estejam definidas, há uma conexão natural e muita coisa acontece de forma espontânea. Além disso, você consegue integrar o direito com diversas outras áreas e pessoas de diferentes nichos. Como seu público tem recebido esse formato? E o que podemos esperar para 2025? Quais são os seus planos? Pode adiantar algo?
Cla, só posso dizer que foi uma grande alegria e uma honra poder te entrevistar! Gosto de trazer muita espontaneidade para o programa, além de inspiração, pois o que busco é justamente aproximar o público daquilo que fazemos, acolher o telespectador para que se sinta parte da conversa e proporcionar a conexão entre as áreas, já que muitas vezes ele já tem uma formação e basta um pequeno estímulo para que se permita realizar a transição de carreira. A inspiração é uma das principais bases, pois o telespectador pode, através dos convidados, se sentir motivado a ingressar em determinado curso, recomeçar ou mesmo realizar a transição de carreira, pois não existe momento certo, o momento certo depende de cada pessoa e do tempo de cada um. Além disso, busco proporcionar a reflexão e propiciar o despertar das suas potencialidades do telespectador.
A proposta do programa sempre foi transmitir informação de forma séria e com muita qualidade, credibilidade e atualidade, sem polêmicas e sempre através de uma conversa leve em que o convidado nos brinda com as suas experiências, suas informações, seu conhecimento, seu entusiasmo pela área de atuação e com os seus conselhos, que sempre são essenciais ao nosso público.
O programa tem crescido cada vez mais, e ganhou um espaço muito importante e destacado no cenário da comunicação em nosso Estado em 2024, o que acena de forma muito positiva para um alcance e repercussão ainda maiores no próximo ano e já chancelaram a abertura de outras oportunidades em novos espaços de comunicação, que já estão sendo projetados e preparados para o nosso público e que pretendemos estrear em fevereiro de 2025! Ou seja, temos muitas novidades chegando por aqui!
Estamos aperfeiçoando ainda mais o nosso trabalho, pois sempre há algo a aprimorar, a fim de que possamos continuar transmitindo informações de qualidade ao nosso telespectador, através da participação de personalidades ilustres e relevantes do cenário paranaense e brasileiro, tanto nas entrevistas quanto nas colunas, pois dessa forma conseguimos contribuir com a população que tanto precisa conhecer mais para exercer os seus direitos e acessar a justiça! Sem contar a inspiração, essa com certeza só vai aumentar em 2025! Tem muita coisa boa vindo por aí!
Com certeza, estaremos acompanhando tudo com muito carinho! Para encerrarmos esta edição especial do Perfil CLA Magazine, gostaria de reforçar minha gratidão pela sua disponibilidade, principalmente considerando sua agenda tão atribulada, mesmo durante as férias. Você gostaria de deixar uma mensagem de final de ano para nossos leitores, especialmente para as mulheres que certamente se inspirarão muito na sua trajetória?
Eu que agradeço por todo carinho, amizade, consideração e pela oportunidade nesse magnífico espaço que tanto admiro!
A mensagem que sempre gosto de deixar, especialmente no meu programa é: Acreditem sempre em vocês e jamais se deixem abater pelo desânimo, pelo cansaço, pelas portas fechadas, ou pelas dificuldades que, porventura, venham a surgir. Tudo na vida é passageiro, os momentos difíceis, os momentos felizes, tudo passa. Por mais difícil que seja o caminho, continue, persista, não se intimide, continue acreditando que você pode conquistar aquilo que deseja. Renove diariamente a sua fé, pois a espiritualidade não nos desampara jamais e consiste na força que precisamos pra continuar. Lembre-se sempre que os momentos em que mais crescemos são os mais difíceis. Não existe crescimento sem dor! E por fim, lembre-se que essa experiência é única e devemos aproveitar ao máximo cada momento, pois essa viagem tem dia e horário certo para acabar e dela você só vai levar o melhor que pode fazer por você, pela sua evolução como espírito eterno que é e por todos aqueles com quem teve a oportunidade de conviver ou que cruzaram o seu caminho de alguma forma! Aproveite a viagem!
Fotos & Entrevista Por Cla Ribeiro