Empresas aceleram consolidação para ganhar escala e capacidade de inovação
A inteligência artificial (IA) tornou-se o principal vetor de consolidação no setor de tecnologia no Brasil. Dados do portal Fusões & Aquisições indicam que o volume de operações no segmento cresceu 71,1% no primeiro semestre de 2025, em relação ao mesmo período do ano passado — a maior alta entre todos os setores.
O movimento segue tendência global: aquisições envolvendo empresas de IA avançaram 123% neste ano, segundo levantamento da consultoria Mergermarket. Especialistas apontam que, além da busca por sinergias, as companhias estão adquirindo capacidades tecnológicas e algoritmos como ativos estratégicos.
“Entramos em uma nova fase no Brasil. As aquisições agora miram a inovação e não apenas a escala”, diz Vitor Sá, especialista em fusões e aquisições na Armada Capital. “Empresas que dominam IA, automação e análise de dados se tornaram alvos prioritários.”
Due diligence automatizada e valuation de dados
Relatório da Valore Brasil mostra que o uso de IA pode reduzir o tempo médio de due diligence de 90 para 55 dias, ao automatizar análise de contratos e indicadores financeiros. Já o Movimento Econômico aponta que empresas com modelos de IA próprios e base de dados estruturada têm valorização até 30% superior em processos de negociação.
“A IA deixou de ser acessório e passou a ser o núcleo das empresas”, afirma Antonio Netto, especialista em inteligência artificial. “Quem domina o núcleo torna-se comprador ou alvo.”
Segundo o estudo CEO Outlook 2025, da Ernst & Young, 28% das empresas brasileiras já utilizam IA em larga escala e outras 28% estão em implantação — número que explica o aumento das transações envolvendo startups do setor.
Consolidação ganha força entre empresas médias
Levantamento da Bridge One M&A News mostra que a maioria das operações no país ocorre entre empresas de R$ 50 milhões a R$ 300 milhões, patamar que indica maturação do mercado nacional. Segmentos como fintechs, cibersegurança, automação e edtechs concentram mais de 60% das transações, segundo o M&A Tech Report 2025, da KPMG LATAM. “Com o crédito caro, a fusão virou alternativa à nova rodada de investimento”, diz Sá.
Riscos e perspectivas
Estudo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) aponta que 45% das fusões não alcançam as sinergias previstas, principalmente pela dificuldade de integração tecnológica e retenção de talentos. O alerta reforça o risco de valuations inflados em startups de IA e a necessidade de governança de dados robusta.
O portal Negócios Brasil projeta crescimento de 10% a 15% no total de M&A em tecnologia até o fim de 2025. Para os especialistas, a consolidação continuará a redefinir o setor.
“A inteligência artificial é o divisor de águas. As empresas que não inovarem terão de se integrar a quem domina o algoritmo”, resume Netto.

