(Fotos: Carlos Costa/CMC)
A Câmara Municipal de Curitiba concedeu o título de Vulto Emérito a Liamir Santos Hauer, escritora e enxadrista. A homenagem , realizada quinta-feira (11), foi uma iniciativa do vereador Mauro Ignácio
(União), segundo-vice-presidente da Câmara e a sessão foi presidida pelo vereador Tito Zeglin (PDT), primeiro vice-presidente.
Mauro Ignácio, proponente da homenagem, saudou a escritora Liamir Santos Hauer. De acordo com ele, a ideia da homenagem partiu do historiador e pesquisador Gehad Hajar. “Liamir é uma pessoa feliz e entusiasmada que, aos 100 anos de idade, canta com vigor o hino brasileiro, como todos puderam ver”, disse o vereador. Entre as muitas atividades desempenhadas por Liamir ao longo de
sua vida, Mauro Ignácio destacou que ela tem reconhecimento como escritora, enxadrista, trapezista circense e ex-primeira-dama de Curitiba.
“O que importa na vida, não é o ponto de partida, mas a caminhada”, disse Mauro Ignácio parafraseando a poetisa Cora Coralina, que publicou seu primeiro livro depois dos 70 anos. Segundo Ignácio, Liamir é curitibana de origem e parnanguara de coração. “Ela foi capaz de enfrentar
dificuldades e de viver com força e dignidade, sempre se reinventando e espalhando positividade. Foi casada com Ernani Santiago de Oliveira, ex- prefeito de Curitiba e ex-presidente da Câmara Municipal de Curitiba, João Bettega e Arnaldo Hauer. “Evoco admiração a essa incrível mulher e rendo homenagem ao vislumbre que temos pela sua imensa alegria de viver.
Agradecemos pelo seu espírito inabalável e seu ânimo contagiante”, finalizou o parlamentar.
“Dar atenção a grupos culturais e de assistência social”
Paulo Salamuni, ex-presidente da Câmara Municipal de Curitiba, lembrou de alguns fatos da biografia da homenageada, como, por exemplo, quando ela recusou a pensão referente ao fato de ser viúva do ex-prefeito Ernani Santiago. “O Ernani Santiago tinha algo em comum com minha família,
que foi o fato de ele ter sido presidente do Clube de Xadrez e meu pai (Riad Salamuni) foi tricampeão em 1947.
Posteriormente, a Liamir virou uma grande enxadrista”, disse ele. Salamuni exaltou a lucidez da escritora em todos os aspectos da vida. “Um reconhecimento justo e necessário. Quem está sendo
homenageada é a cidade de Curitiba”, concluiu.
Já o jornalista José Carlos Fernandes contou que conheceu Liamir há 20 anos, num encontro com 3 escritoras já de idade avançada, mas que estavam sendo projetadas em uma crônica do falecido Jamil Snege no jornal Gazeta do Povo. “Snege morreria antes da publicação do texto, mas Curitiba
pode conhecer Liamir, ou melhor, ela foi reapresentada a Curitiba, pois em tempos passados, era figura reconhecida na cidade”, disse o jornalista. Para ele, a publicação do livro “O Circo” foi o marco determinante para que Liamir, finalmente, obtivesse o reconhecimento merecido. “Liamir pertence àquela categoria de mulheres solares que passa por Leila Diniz e tantas outras”, finalizou.
Leilah Santiago Bufrem, filha da homenageada, leu o discurso escrito pela mãe. Liamir agradeceu pela maior distinção honorífica do município, proposta por Mauro Ignácio. “Pergunto-me desde que recebi a nomeação, o motivo da honraria. Certamente o fato de ter sido a primeira-dama está entre os
motivos, mas nunca considerei isso um suficiente mérito para oreconhecimento. Por outro lado, a experiência junto a Ernani me fez experimentar vivências, estas sim, meritórias, por tentar estendê-las à coletividade e dar atenção a grupos culturais e de assistência social”, disse a
homenageada. “Trabalhei muito em bibliotecas e houve muitos livros lidos, mas só quando me tornei viúva do terceiro marido passei a registrar impressões e relatos. Os livros resultaram desse esforço memorialístico”, disse Liamir. Ela concluiu confirmando a hipótese de que foi além da condição de primeira- dama. “Transformando-me, transformando todas as fases da minha vida e
cultivando valores não demasiadamente humanos. Apenas humanos”, finalizou a escritora, numa alusão ao livro de Nietzsche.
Além dos dois vereadores e da homenageada, a mesa também foi composta por Paulo Salamuni, ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Curitiba; Leilah Santiago Bufrem, filha da homenageada; Gehad Ismail Hajar; Ângelo Batista, o Ângelo da Farmácia, ex-vereador; José Carlos
Fernandes, jornalista; Roberson Maurício Caldeira Nunes, coordenador do Centro de Documentação da Casa da Memória, representando Ana Cristina de Castro, presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC).