Geórgia Guzzo
Motivada pela vontade de contribuir para que o público curitibano fizesse boas escolhas ao comer fora, a dentista Geórgia Guzzo resolveu partilhar as próprias experiências em torno da mesa, através do perfil de Instagram Eating Curitiba, há sete anos atrás, quando perfis com a mesma finalidade não eram tão comuns na capital paraense. Durante este período, foi testemunha e difusora da evolução do paladar curitibano, fenômeno confirmado através da consolidação de novidades, como o aumento do número de restaurantes orientais, assim como mais bares, botecos, entre outras novidades.
“O curitibano sempre teve muito gosto pela gastronomia europeia, principalmente a italiana, podendo citar também a francesa, ibérica, alemã e ucraniana, devido à influência de seus antepassados, por terem esta origem. Porém, ao longo dos anos, vi crescer o gosto pela culinária oriental e pela boemia em bares e botecos”, comenta Guzzo.
Quando questionada sobre a própria predileção, Guzzo honra o sobrenome e revela ser especialmente afeita à gastronomia italiana, ao ponto de ter gostado mais da viagem que fez à Itália, mesmo tendo conhecido outros 24 destinos estrangeiros. Ainda assim, garante que só deixaria o Brasil por motivo de força maior.
“Eu não trocaria o Brasil para morar em outro país e amo Curitiba. Se vier a morar em outro lugar será para acompanhar minhas filhas, ficar perto da família”, revela Guzzo, ao voltar de mais uma viagem, enquanto concede a entrevista que deu origem a este perfil de anuário e muitas publicações com dicas sobre o último destino.
Por falar em dicas, convém dizer que seria impossível resumir as que Guzzo partilha com seu público, de modo que este perfil privilegia a linha do tempo gastronômica que podemos traçar nos últimos 7 anos, para enxergar marcos da gastronomia curitibana, segundo o olhar da entrevistada.
“O gosto do curitibano vai do frango com polenta, para as massas ou risoto com mignon. Vi a carne de onça se transformar em patrimônio imaterial da cidade, o surgimento de festivais de boteco, como o do pão com bolinho. Em termos de churrasco, vi uma migração do rodízio para casas com cortes de carne à la carte. Surgiram ainda festivais do camarão, do caranguejo e de ostras. E a culinária oriental cresceu muito, do rodízio de sushi a menus degustação, com pratos frios e quentes, de toda a Ásia”.
Há também os festivais gastronômicos como o Bon Gourmet e o Restaurant Week, que aproximaram o cliente de bons restaurantes com menus de três tempos por preços acessíveis. A difusão da gastronomia molecular e bares de alta coquetelaria. O curitibano também gosta muito de vinho, bebida cujo consumo é favorecido pelo clima local.
Sobremesas que rendem um tour
“Também sou muito doceira e vivo visitando cafés e confeitarias, descobrindo o lado doce de Curitiba. Temos confeitarias tradicionais de muitos anos, como Confeitaria das Famílias, Lancaster e Holandesa, responsáveis por tortas famosas como a Marta Rocha e o doce Madrilenho. E temos outras mais jovens, mas que fazem o maior sucesso, como a Sotile e seus entremets, o bolo mais macio do mundo, da Chiffon Cake ou o creme brulée da Roberta Schwanke.
Surgiram também várias docerias específicas de um determinado doce, como de donuts, de pudim, de cookies, e de brigadeiros. Temos até uma confeitaria que faz doces no formato de pontos turísticos da cidade, a Confeitaria Curitibana, com sua Floreira da XV, Museu do Olho, Estação Tubo e Praça do Japão”.
“Nesse tempo surgiu até um tour de confeitarias com vários roteiros pela cidade, o Curitidoce!”, complementa Guzzo, ao mencionar o passeio que ocorre periodicamente, para congregar amantes de doces em torno das sobremesas, que ganham a preferência entre os locais ou servem também para partilhar descobertas entre as novidades.
Prazer e liberdade
A despeito de se dedicar exclusivamente ao perfil @eatingcuritiba e ter chamado a atenção de mais de vinte e cinco mil pessoas que acompanham suas experiências e dicas sobre gastronomia em Curitiba e no mundo, Georgia Guzzo garante que o perfil de Instagram não conta com ações pagas, pois relata que não se sentiu confortável em parte das experiências remuneradas, que teve por ali.
“O @eatingcuritiba não é um negócio porque eu não o rentabilizo, por opção própria, mesmo já tendo recebido muitas propostas de trabalhos pagos. Me sinto mais livre para ser eu mesma desse jeito, o que nem sempre acontece nos jobs, pois temos que seguir o combinado. Já tive essa experiência e vi que não era o que eu queria”, revela Guzzo.
“Meu objetivo nada mais é que ajudar os dois lados da via, apresentando o serviço de estabelecimentos gastronômicos ou fornecedores ao público interessado em consumir. Isso me permite ter grandes experiências, acompanhada sempre de pessoas interessantes! Eu sou um ser social, gosto de fazer amizades!”, esclarece.