“A senhora deveria se resguardar, se proteger! Ficar sem máscara até no elevador pode lhe adoecer”
“O prefeito liberou! Não precisamos mais usar máscaras”
Este foi o diálogo entre uma vizinha e a senhora que cuida da limpeza do prédio no qual moro. Tenho compaixão pela segunda, por entender que ela não consegue enxergar o tamanho do desprezo que autoridades tem pelo povo que adoece, já que o adoecimento é tido como um problema individual, assim como o prejuízo por não trabalhar, precisar investir em remédios (prestes a aumentar de preço em 11%), entre outras despesas que apertam quem mais precisa não é uma conta dividida com o governo, mas arcada pelo cidadão.
Isto porque a vacinação da maioria da população reduz a demanda pela rede médica e hospitalar de forma considerável, mas não isenta ninguém de prejuízo e sofrimento, já que mesmo tratando o problema de casa, não convém a ninguém parar de trabalhar e produzir, como ocorre diante do adoecimento por Covid-19.
É evidente que todos estamos cansados de usar máscaras contínua e rotineiramente. Mas, antes cansados que doentes ou coisa pior! Basta olhar o que ocorre na China e em outros países que aboliram o uso das máscaras para dimensionar a importância desta medida não farmacológica, mesmo diante de uma população majoritariamente vacinada.
Com isso, fico perplexa e até chocada com a tranquilidade com que autoridades desobrigam seu uso. Pessoalmente, manterei ainda mais cuidado neste sentido. Afinal, em ambiente no qual ninguém usa máscaras a carga viral é ainda maior, assim como o risco de contágio também. Agora, mais do que nunca, minhas máscaras modelo N95 ficarão em meu rosto!
E, se já era desafiador manter a saúde com a obrigatoriedade coletiva das máscaras, será ainda mais complicado conseguir esse efeito sem elas nos rotos de todos! Mais ainda com o inverno chegando e impondo janelas fechadas, seja pelo frio, chuva ou as duas coisas simultaneamente. Mas, a despeito de tudo isso, as pessoas se aglomeram numa velocidade de típica do “estouro da boiada”, como se não houvesse amanhã, tampouco vírus, com todas as suas já numerosas variantes….
E, na ânsia de compensarem tudo que não interagiram nos últimos dois anos, pessoas dos mais variados níveis de cultura e conhecimento, enfiam o pé na jaca e partem para festejos e reuniões de todo o tipo, sem ponderar o que podem estar promovendo através desta negligência simpática….
Eu nem argumento mais diante do mínimo sinal de irresponsabilidade. Já que me parece inviável mudar a visão de quem chega à vida adulta sem ponderar sobre riscos deste tipo de decisão por si mesmo. Afinal, ter responsabilidade e considerar o impacto da própria escolha e atitude em si e nos outros é algo que julgo basal e inerente à vida em sociedade.
Então, o que me resta é partilhar minha visão com quem acompanha o meu trabalho, muito mais em sinal de apoio aos que realmente se importam consigo e com as pessoas do que pela pretensão inútil de reverter ou mudar a visão de gente irresponsável!
Sim, eu coloco autoridades precipitadas neste bojo e grupo, mas estas ainda tem motivos econômicos e políticos para agirem assim, por mais perversa que seja esta realidade. Contudo, o mesmo não se aplica à população, como um todo. Já que nem toda a confraternização do mundo vale a saúde, tampouco a vida de ninguém – e são exatamente estes bens que estão em jogo para quem tira a máscara neste momento, especialmente para coisas eletivas, como festas e reuniões sociais.
E você, em time joga? Está entre os que prezam pela vida ou entre os que a barganham?
Assim se sentiu e escreveu, com exclusividade, para CLA Magazine, Raquel de Andrade.
@raquelmedandrade
41 99108-6401