“Apenas Coisas Boas”, de Goiás, do diretor Daniel Nolasco, e produção baiana “Cais”,
de Safira Moreira, são os grandes premiados no 14º Olhar de Cinema
O Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, um dos mais importantes eventos dedicados à sétima arte no Brasil, revelou os ganhadores de sua 14ª edição. Reunindo mais de 92 produções de todo o mundo em sua ampla programação, o festival também contou com aguardadas estreias nacionais e internacionais em suas Mostras Competitivas, entre a Brasileira e a Internacional, com títulos que concorreram aos prêmios de Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Atuação, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Som, Melhor Montagem e o Prêmio Olhar de Melhor Filme. Já os curtas-metragens concorreram ao Prêmio Especial do Júri e de Melhor Filme.
Na Competitiva Internacional, os longas-metragens competiram pelo Prêmio Olhar de Melhor Filme e Prêmio Especial do Júri. E os curtas, ao Prêmio Olhar de Melhor Filme.
O júri que avaliou as produções das mostras competitivas brasileiras (curtas e longas) e os curtas-metragens da Competitiva Internacional é formado pelo historiador, gestor audiovisual, produtor e diretor Rodrigo Antonio; a premiada atriz em Sundance, Berlim, Mix Brasil e Festival do Rio, Bruna Linzmeyer, que se destaca pelo ativismo LGBTQIA+ e está desenvolvendo seu primeiro longa de ficção, “Corupá”; a gerente de departamento de programação e programadora na equipe de longas do Festival Sundance de Cinema e de Sun Valley, Ana Souza; a pesquisadora, programadora de festivais e também diretora do Berlinale Forum, Bárbara Wurm; e Pedro Freire, diretor de “Malu”, que fez sua estreia na direção no Festival de Sundance, em 2024, e levou quatro prêmios no Festival do Rio, incluindo o de Melhor Filme.
Confira os ganhadores da Mostra Competitiva Brasileira do 14º Olhar de Cinema:
“Cais” (Bahia), da diretora Safira Moreira, foi agraciado com três dos principais prêmios da noite, sendo o Prêmio Olhar de Melhor Filme, o de Melhor Longa pelo Voto do Público e o Prêmio da Crítica Abraccine. A produção aborda o delicado tema do luto e do tempo, em que a cineasta viaja, dois meses após o falecimento de sua mãe Angélica, em busca de encontrá-la em outras paisagens, percorrendo cidades banhadas pelo Rio Paraguaçu (Bahia) e pelo Rio Alegre (Maranhão), para imergir em novas perspectivas sobre memória, tempo, nascimento, vida e morte.
Outro grande destaque da noitefoi “Apenas Coisas Boas” (Goiás), do diretor Daniel Nolasco, um dos principais nomes do cinema queer brasileiro e internacional, que também levou três prêmios. O longa, que é o segundo de ficção do cineasta, é um romance rural LGBTQ+ com drama que parte do encontro entre dois homens no interior do Goiás, em 1984, apresentando uma narrativa marcada pela solidão e a tensão entre o desejo e a repressão.
“Apenas Coisas Boas” levou os troféus de Melhor Roteiro (Daniel Nolasco), Melhor Som (Guile Martins, Jesse Marmo, Naja Sodré e Daniel Nolasco), e Melhor Direção de Arte (Marcus Takatsuka).
O novo filme de Maria Clara Escobar, “Explode São Paulo, Gil” (São Paulo) levou os prêmios de Melhor Atuação (Gildeane Leonina) e de Melhor Direção (Maria Clara Escobar). O longa-metragem gira em torno de Gil, que sempre teve o sonho de ser cantora e que se mudou para São Paulo com sua esposa quando tinha 20 e pouco anos. Agora, com 50 anos, trabalha como faxineira. Do encontro de Gil com Maria Clara, surgiu a possibilidade para fazer o filme acontecer, para transformar a “sonhadora” em uma cantora, trazendo reflexões sobre sonhos, trabalho, envelhecimento e esquecimento.
“Aurora” (Rio de Janeiro), de João Vieira Torres, levou o prêmio de Melhor Fotografia (Wilssa Esser e Camila Freitas). A produção leva o nome da avó do diretor, que foi parteira e curandeira por mais de 40 anos no sertão profundo da Bahia. De um encontro a outro, entre os vivos e os mortos, o filme segue os rastros de Aurora, confrontando a violência estrutural de gênero e racial, presentes na formação histórica do Brasil.
“A Voz de Deus” (São Paulo), do diretor Miguel Antunes Ramos, ganhou o Prêmio de Melhor Montagem (Yuri Amaral). O longa gira em torno de duas crianças pregadoras que buscam uma vida melhor através da fé, um de 17 anos que era a criança pregadora mais famosa do Brasil, mas à medida que cresce, enfrenta menos interesse por parte do público, e João, de 12 anos, que está no auge e possui um milhão de seguidores no Instagram, pregando para multidões.
Já os curtas-metragens da Mostra Competitiva Brasileira premiado no 14º Olhar de Cinema foram: “Fronteriza”, que levou o Prêmio Olhar de Melhor Filme Curta-Metragem (Rosa Caldeira e Nay Mendl). A produção acompanha Lucca, uma jovem trans da periferia de São Paulo, que viaja até Foz do Iguaçu, no limite entre Brasil, Paraguai e Argentina, em busca do pai que nunca conheceu; e “Americana”, com o Prêmio Especial do Júri. Dirigido por Agarb Braga, o curta gira em torno de cinco amigas, que são detidas após uma briga em praça pública, motivada por uma traição. Na delegacia, durante os depoimentos, os segredos vêm à tona, com revelações inesperadas.
Confira os ganhadores da Mostra Competitiva Internacional do 14º Olhar de Cinema:
Na Mostra Competitiva Internacional de longas-metragens, “Ariel”, produção de Espanha/Portugal, levou o Prêmio Especial do Júri. Com direção de Lois Patinõ, o longa é um filme de teatro dentro do teatro, focando em uma atriz argentina que desembarca em uma ilha estranha e encantadora, onde os habitantes transcenderam em personagens shakespearianos.
Já o Prêmio Olhar de Melhor Filme ficou com “A Árvore da Autenticidade”, de Sammy Baloji. A produção da Bélgica/Congo se passa na floresta tropical do Congo, em que os restos de um centro de pesquisa dedicado à agricultura tropical revelam o peso do passado colonial e seus vínculos indissociáveis com as mudanças climáticas contemporâneas.
Entre os curtas-metragens internacionais, e o curta “Conseguimos Fazer Um Filme”, de Tota Alves, levou o Prêmio Olhar de Melhor Filme. A produção de Portugal acompanha a jovem Maria Inês, que vive as primeiras brisas de amor nas férias de Verão. Acompanhada das amigas, ela passeia pelo bairro onde vive passando o tempo entre missangas e a rodagem de um filme. “O Reinado de Antoine”, de José Luis Jiménez Gómez, ganhou uma Menção Honrosa da Mostra Competitiva Internacional. A produção cubana traz um jovem obcecado por fantasias históricas, que se refugia nelas para explorar a complexidade de seus laços familiares e seu ambiente social. Responsável pelo cuidado exclusivo de seu pai deficiente, ele se empenha em dar vida à sua narrativa épica ‘O Reinado de Antoine’, enfrentando adversidades diárias e buscando uma fuga em um mundo em ruínas;
Mostra Novos Olhares
As produções da Mostra Novos Olhares, um espaço voltado a filmes ousados, que flertam com o risco, a invenção e caminhos desconhecidos em seu uso da linguagem cinematográfica, concorreram ao Prêmio Olhar de Melhor Filme. O filme contemplado com o prêmio foi “Voz Zov Vzo” (Rio de Janeiro),do diretorYhuri Cruz, seu primeiro longa-metragem que oferece uma perspectiva racializada para as memórias da ditadura militar no Brasil.
Prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Cinema
Neste ano, as profissionais que fazem parte do júri da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, são a jornalista e crítica de cinema Cecília Barroso, integrante da Critics Choice Association e votante internacional do Globo de Ouro; a crítica de cinema, curadora, repórter e roteirista Nayara Reynaud; e a jornalista cultural convidada especial Luciana Melo, repórter de cultura no jornal Plural. As juradas escolheram quais foram considerados no olhar da crítica, os filmes de melhor longa e curta-metragem da Mostra Competitiva Brasileira.
O longa-metragem “Cais”, de Safira Moreira, levou o Prêmio da Crítica – Abraccine. Já o curta contemplado foi “Ontem Lembrei de Minha Mãe” (Foz do Iguaçu), de Leandro Alonso, em que um episódio da infância retorna à memória de um homem sem-terra.
Prêmio do Público
O público tem voz ativa no Olhar de Cinema, que decidiu qual foi o Melhor Filme entre curtas e longas-metragens das Competitivas Brasileiras e Internacional.
O longa-metragem escolhido pelo público foi “Cais” (Bahia), de Safira Moreira; e os curtas foram “Girassóis” (Rio de Janeiro), de Jessica Linhares e Miguel Chaves, que aborda um casal da terceira idade do subúrbio carioca e que, mesmo após os 60 anos, precisam continuar trabalhando para garantir a sobrevivência.
Prêmio AVEC – PR – Uma homenagem ao cineasta Cyro Matoso
No 14º Olhar de Cinema, o Prêmio AVEC – Associação de Cinema e Vídeo do Paraná, que será concedido a um curta da Mostra Mirada Paranaense, homenageia o cineasta Cyro Matoso.
Os jurados deste ano são a roteirista, diretora e artista audiovisual Bea Gerolin; a pesquisadora, produtora cultural e educadora, Cristiane Senn; e a programadora, diretora artística e curadora, Waleska Antunes.
O curta-metragem premiado é o “Interior, Dia”, da cidade de Sapopema, dirigido por Luciano Carneiro e Paulo Abrão. O Prêmio AVEC – PR Cyro Matoso concede Menção Honrosa ao “Entre Sinais e Marés”, produção de Maringá, dirigida por João Gabriel Ferreira e João Gabriel Kowalski.
Prêmio Canal Brasil de Curtas e premiação de R$15 mil
Com o objetivo de estimular a nova geração de cineastas, o Prêmio Canal Brasil de Curtas premia o melhor curta-metragem da Mostra Competitiva Brasileira com o Troféu Canal Brasil e o valor de R$15 mil, além da inserção da produção na programação do canal, que está presente nos mais representativos festivais de cinema do Brasil.
A produção contemplada é o curta carioca “Girassóis”, de Jessica Linhares e Miguel Chaves.
Prêmio Canal Like
O 14º Olhar de Cinema ainda conta, de forma inédita, com o Prêmio Canal Like, que valoriza e apoia a produção cinematográfica brasileira, oferecendo visibilidade e incentivo aos profissionais do setor audiovisual. O canal contemplará o produtor responsável pela produção do longa-metragem vencedor da Mostra Competitiva Brasileira com um apoio de mídia no valor de R$50 mil, destinado à divulgação da obra vencedora ou de um próximo projeto do produtor.
Quem leva o Prêmio Canal Like é o longa “Cais”, de Sofia Moreira.
Prêmio Cardume de Curtas
Outra premiação inédita é o Prêmio Cardume de Curtas, promovido pela plataforma de curtas Cardume, com o objetivo de estimular o desenvolvimento de roteiros e a produção de curtas-metragens brasileiros independentes e diversos. O prêmio consiste em um contrato de licenciamento exclusivo de um ano e o valor de R$3 mil para o melhor curta-metragem da Mostra Competitiva Brasileira e da Mirada Paranaense.
O terceiro lugar do Prêmio Cardume de Curtas foi para “Maira Porongyta – O Aviso do Céu” (Mato Grosso). A produção é uma ficção baseada em fatos e traz Itaarió, criador do mundo, é o mais poderoso entre os Mait, os deuses do povo Kaiabi. Ele convoca os outros Mait para uma reunião em sua casa no céu para transmitir um aviso inquietante. O segundo lugar foi para “Americana” (Pará), de Agard Braga.
Já o primeiro lugar do Prêmio Cardume de Curtas foi para “Seco” (Rio de Janeiro), do diretor Stefano Volp. O curta traz um ex-militar viúvo que, após terminar seu testamento horas antes de morrer, percebe que não se recorda da última vez que havia chorado. Para encontrar suas lágrimas, ele provocará suas emoções correndo atrás de gestos e sentimentos soterrados.
Olhar de Cinema no streaming Itaú Cultural Play
Até o dia 7 de julho, os curtas-metragens da Mostra Competitiva Brasileira podem ser conferidos na plataforma de streaming Itaú Cultural Play, de forma gratuita.
São elas:
– “A Nave que Nunca Pousa” ( Dir. Ellen Morais | Brasil | 2025 | 15’)
Sinopse: A Nave que Nunca Pousa paira sobre uma comunidade quilombola no sertão da Paraíba. Os moradores locais precisam lidar com as consequências desse acontecimento. Uma ficção científica documental nas terras de Aruanda.
– “Americana” (Dir. Agarb Braga |Brasil | 2025 | 20’)
Sinopse: Cinco amigas são detidas após uma briga em praça pública motivada por uma traição. Na delegacia, durante os depoimentos, segredos vêm à tona, revelando verdades inesperadas.
– “Fronteriza” (Dir. Rosa Caldeira, Nay Mendl | Brasil, Paraguai | 2025 | 20’)
Sinopse: Lucca, um jovem trans da periferia de São Paulo, viaja até Foz do Iguaçu, no limite entre Brasil, Paraguai e Argentina, em busca do pai que nunca conheceu. Lá conhece Diego, um paraguaio, que o apresenta os segredos da fronteira.
– “Girassóis” (Dir. Jessica Linhares, Miguel Chaves |Brasil, Paraguai |2025 |20’)
Sinopse: Em um Brasil de escala 6×1, Girassóis narra o cotidiano de Zé, um homem negro idoso, que ainda é obrigado a trabalhar. Abordando a realidade que sobrecarrega os trabalhadores brasileiros, a trama reflete sobre os desafios do trabalho, desde a rotina diária até o impacto no relacionamento familiar e nas esperanças para um futuro inóspito. Livremente baseado em fatos reais .
– “Maira Porongyta – O Aviso do Céu” (Dir. Kujãesage Kaiabi |Brasil |2025 | 21’)
Sinopse: Itaarió, criador do mundo, é o mais poderoso entre os Mait, os deuses do povo Kaiabi. Ele convoca os outros Mait para uma reunião em sua casa no céu para transmitir um aviso inquietante. Ficção baseada em fatos.
– “Mais Um Dia” (Dir. Vinícius Silva | Brasil | 2025 | 21’)
Sinopse: A artista Leonora Maia, mais um dia na Amazônia.
– “Ontem Lembrei de Minha Mãe” (Dir. Leandro Afonso | Brasil | 2025 | 23’)
Sinopse: Um episódio da infância retorna à memória de um homem sem-terra.
– “Seco” (Dir. Stefano Volp | Brasil | 2025 | 17’)
Sinopse: Após terminar seu testamento, horas antes de morrer, um ex-militar viúvo percebe que não se recorda da última vez que chorou. Para encontrar suas lágrimas, ele provocará suas emoções correndo atrás de gestos e sentimentos soterrados.
O 14º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba tem produção da Grafo Audiovisual, com realização do Ministério da Cultura – Governo Federal. O projeto foi aprovado no Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura | PROFICE da Secretaria de Estado da Cultura | Governo do Estado do Paraná. A edição é apresentada pela Rumo Logística, com patrocínio master do Itaú e Claro, patrocínio ouro do TCP – Terminal de Contêineres de Paranaguá, patrocínio prata da Peróxidos do Brasil e Campari, patrocínio bronze da Mili, e apoio da Sanepar, Copel, Adami S/A, do Instituto Rumo, do Projeto Paradiso, do Teatro da Vila, da Cinemateca, do Cine Passeio, Cine Guarani, ICAC, Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura de Curitiba. Verifique a classificação indicativa de cada filme e as sessões com acessibilidade de audiodescrição e intérpretes de Libras.




Serviço:
14º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba
Data: 11 a 19 de junho de 2025
Site oficial: www.olhardecinema.com.br
Ingressos: R$8 (meia-entrada), R$16 (inteira). Há também sessões gratuitas – consultar programação.
Redes Sociais: Instagram: www.instagram.com/Olhardecinema
Facebook: www.facebook.com.br/Olhardecinema
Tik Tok: @olhardecinema
X/Twitter: @Olhardecinema_
Realização: Ministério da Cultura – Governo Federal
Apresentação: Rumo Logística
Patrocínio Master: Itaú, Claro
Patrocínio Ouro: TCP – Terminal de Contêineres de Paranaguá
Patrocínio Prata: Peróxidos do Brasil, Campari
Patrocínio Bronze: Mili
Apoio: Sanepar, Copel, Adami S/A, Instituto Rumo, Projeto Paradiso, Teatro da Vila, Cinemateca, Cine Passeio, Cine Guarani, ICAC, Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura de Curitiba.
Projeto aprovado no Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura | PROFICE da Secretaria de Estado da Cultura | Governo do Estado do Paraná
Produção: Grafo Audiovisual