Alta do e-commerce, fortalecimento do real e popularização do Pix impulsionam compras cross-border
O consumidor brasileiro está cada vez mais presente no mercado internacional. De acordo com dados da Receita Federal, em 2024 os brasileiros movimentaram mais de R$ 150 bilhões em compras no exterior, consolidando o país como um dos maiores polos de consumo online da América Latina. Esse crescimento tem sido impulsionado pela alta do e-commerce, pela estabilidade do câmbio e pelo avanço de meios de pagamento digitais.
Um levantamento da NielsenIQ mostra que o Brasil já figura entre os dez países que mais compram em sites internacionais, com destaque para categorias como moda, eletrônicos e turismo. Esse movimento não só amplia o acesso dos brasileiros a produtos e serviços globais, como também cria novos desafios para as empresas estrangeiras, que precisam adaptar sua oferta às especificidades locais.
Entre essas particularidades, duas se destacam: a cultura do parcelamento e a rápida popularização do Pix. Segundo a Abecs, mais de 70% das compras com cartão de crédito realizadas no país em 2024 foram parceladas, um hábito pouco comum em outros mercados. Já o Pix, que ultrapassa 160 milhões de usuários ativos, tornou-se o meio de pagamento mais usado do Brasil, com mais de 42 bilhões de transações no último ano.
Para empresas internacionais, não oferecer essas opções significa perder competitividade. Relatórios do Banco Central apontam que a ausência de meios de pagamento familiares ao consumidor brasileiro está entre os principais fatores que levam ao abandono de carrinhos em sites estrangeiros. “O brasileiro valoriza conveniência, segurança e flexibilidade. Quem não entende essa lógica dificilmente consegue se firmar nesse mercado”, avalia Maristela Lucas, Marketing Specialist da GlobalPays.
Além da questão cultural, existem entraves regulatórios e fiscais que tornam a operação cross-border ainda mais complexa. Transacionar valores entre países exige conformidade com regras cambiais, prevenção à fraude e eficiência no repasse dos recursos. Para superar essas barreiras, soluções especializadas de pagamento têm se consolidado como facilitadoras da conexão entre empresas estrangeiras e consumidores brasileiros.
A GlobalPays, por exemplo, criada por brasileiros nos Estados Unidos, desenvolveu uma estrutura que permite a companhias internacionais aceitar Pix e parcelamento no cartão nacional, com repasse em dólar no dia seguinte. Segundo a empresa, segmentos que adotaram métodos de pagamento locais observaram crescimento de até 30% nas taxas de conversão de vendas em poucos meses.
Esse impacto tem sido sentido principalmente em setores como turismo, aluguel de veículos, serviços de saúde e educação, em que o valor agregado das transações é mais alto. “O parcelamento amplia o acesso a bens e serviços de maior valor, enquanto o Pix garante liquidez imediata. Adaptar-se a esse comportamento é essencial para quem quer crescer no Brasil”, afirma Maristela.
Maristela avalia que a consolidação do consumo internacional do brasileiro também pode redefinir fluxos comerciais. Ao mesmo tempo em que abre oportunidades para empresas estrangeiras, o movimento impõe a necessidade de investimentos em tecnologia e compliance. Quem não se adapta tende a perder espaço para concorrentes que compreendem as particularidades do mercado local.
Estudos do setor apontam que até 2026 o volume de compras internacionais realizadas por brasileiros pode ultrapassar R$ 200 bilhões, impulsionado pela digitalização e pela maior familiaridade do consumidor com plataformas globais. Essa tendência reforça a relevância do Brasil no cenário do comércio eletrônico e projeta um futuro em que barreiras financeiras e operacionais devem ser cada vez menores.
“Estamos diante de um consumidor conectado, exigente e disposto a acessar o melhor que o mundo pode oferecer. Cabe às empresas estrangeiras entender essa dinâmica e criar pontes que tornem essa experiência simples e segura”, conclui Maristela Lucas.