Um “Querelle” à brasileira, espetáculo aborda temas como racismo, homofobia e relações amorosas a partir de texto do século XIX que gerou grande escândalo. Com entrada franca
Um clássico polêmico da literatura nacional ganha sua primeira encenação teatral em Curitiba. O espetáculo “O Bom Crioulo” é inspirado no romance de mesmo nome, de Adolfo Caminha, e resgata a história que trata do amor entre dois marinheiros no século XIX, abrangendo temas como racismo, homofobia e diferenças sociais. A montagem fica em cartaz entre 10 e 28 de abril no Teatro José Maria Santos, com entrada gratuita. Dirigido por César de Almeida e Isidoro Diniz, traz como protagonistas os atores Douglas Perez, Maicon Moraes e Loara Gonçalves.
Os ingressos devem ser retirados no site Sympla (www.sympla.com.br), a partir de 5 de abril. As apresentações acontecem de terça a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. O espetáculo é uma realização do Programa de Apoio de Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.
Preconceitos e questões da época – e que infelizmente ecoam até hoje – surgem em cena neste trabalho. O texto original de Adolfo Caminha, ícone do movimento naturalista na literatura, aborda essas questões em um contexto conturbado. No Rio de Janeiro pós-abolição da escravatura, o protagonista Amaro se apaixona por um jovem branco, Aleixo, ambos marinheiros. Amaro tenta manter uma vida tradicional de homem casado, mas sofre com ciúmes, preconceito e violência.
QUESTÕES SOCIAIS
O texto é adaptado por César Almeida, que captura as nuances de um romance afetado por questões sociais históricas de seu tempo. Almeida atua no cenário cultural curitibano desde anos 1980, tendo dirigido mais 60 espetáculos. “Planejávamos montar esta peça desde 2007, e agora finalmente chegou a hora, o que nos deixa muito felizes. É um trabalho que tem muito a ver com minha história e a do Diniz, por tratar de temas que marcam nossas trajetórias. A produção teatral é sempre um desafio, e está cada vez mais difícil colocar um espetáculo em cena”, comenta César.
“O Bom Crioulo” marca ainda os 45 anos de carreira do produtor e ativista Isidoro Diniz, outro nome que faz parte de um movimento de representação de grupos historicamente marginalizados na arte. Os artistas demonstraram seu envolvimento com a inclusão e diversidade em suas carreiras em espetáculos marcantes como “Verdades e Mentiras” (1995), da companhia Rainha de 2 Cabeças, e “Os Dois Amores de Colombina” (2014), entre tantos outros.
TABUS DA SOCIEDADE
“O espetáculo trata principalmente do amor, que é uma questão atemporal, mas também de preconceitos e tabus muito antigos que ainda persistem em nossa sociedade”, acrescenta Diniz. “Nesta montagem, temos também a alegria de trabalhar com atores negros da nova geração muito talentosos”.
Bom Crioulo
Adaptado da obra de Adolfo Caminha por César Almeida
Data: de 10 a 28 de abril
Horários: de terça-feira a sábado, às 20h, domingos, às 19h
Endereço: Teatro José Maria Santos – R. Treze de Maio, 655 – São Francisco, Curitiba
De 23 a 28 de abril sessões com a participação de um intérprete de libras
20 de abril – sessões as 18h00 e 20h00
27 de abril – sessões as 18h00 e 20h00
28 de abril – sessões as 15h00 e 19h00
Entrada gratuita com retirada de ingressos no SYMPLA: www.sympla.com.br
Direção: César Almeida e Isidoro Diniz
Elenco: Douglas Perez, Elisan Correia, Loara Gonçalves, Maicon Morais, Marcyo Luz, Ronald Lima
Cenário: Ronald Lima
Figurino: Paula Villa Nova
Sonoplastia: César Almeida
Iluminação: Nathan Gabriel
Produção: Bia Reiner
Identidade Visual, Mídias Sociais e Vídeo: Paula Villa Nova
Assessoria de Imprensa: Fc Comunicação
Fotos: Kraw Penas e Rafael Berthone
Intérprete de Libras: Elaine Moreira
Uma realização Isidoro Diniz Produções