Principal vitrine do audiovisual brasileiro na Europa, o evento apresenta na capital francesa 30 filmes em cinco mostras e homenageia Antônio Pitanga
Festival de Cinema Brasileiro de Paris chega à 26ª edição, de 26 de março a 2 de abril
Principal vitrine do audiovisual brasileiro na Europa, o evento conta com a presença de artistas como Murilo Benício, Maria Fernanda Cândido, Bia Lessa, Antônio Pitanga, grande homenageado do ano, Camila Pitanga, entre outros
“Pitanga”, “A Paixão Segundo G.H.”, “Meu Nome É Gal” e “Nosso Sonho”. Fotos: Divulgação
Há 26 anos, o Festival de Cinema Brasileiro de Paris apresenta na capital francesa um panorama da produção audiovisual nacional e, ao longo dessas quase três décadas, vem formando um público parisiense apaixonado pela nossa cinematografia. Principal vitrine do cinema brasileiro na Europa, o evento será realizado entre 26 de março e 2 de abril, no L’Arlequin, cinema de rua modernista no bairro de Saint-Germain-des-Près, sede do evento. Realizada pela Jangada, da carioca Katia Adler, a mostra terá Antônio Pitanga como o grande homenageado e, além de contar com a presença do ator, vai apresentar seis longas de sua filmografia, entre eles “Na Boca do Mundo”, primeira produção dirigida por ele, “Barravento”, de Glauber Rocha, e “Nosso Sonho”, o filme nacional mais visto de 2023.
O 26० Festival de Cinema Brasileiro de Paris exibe uma seleção das melhores produções do cinema brasileiro, entre ficções e documentários, e reúne anualmente mais de cinco mil pessoas para celebrar o audiovisual brasileiro na capital francesa. Neste ano, serão exibidos 30 filmes, divididos em cinco mostras: Competitiva, Hors-concours, Documentários, Sessão Escolar e Homenagem a Antonio Pitanga. O festival também contará com o lançamento do livro “A Nudez da Cópia Imperfeita”, de Wagner Schwartz.
O L’Arlequin, sede do festival, é um tradicional cinema de rua parisiense inaugurado em 1934 e uma sala de referência para diretores, cinéfilos e críticos. É a casa do Festival de Cinema Brasileiro de Paris desde 2002 e todo ano reúne mais de cinco mil pessoas que apreciam uma seleção das melhores produções do cinema brasileiro, entre ficções e documentários. O cinema já pertenceu a Jacques Tati, diretor e ator francês que foi um dos protagonistas da transição do cinema mudo para o sonoro na França e ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com “Meu Tio” em 1958.
Segundo Katia Adler, o cartaz oficial do festival (abaixo, ao lado do cartaz do homenageado) traduz resistência, síntese da história não apenas do evento mas do audiovisual brasileiro. “Representa a luta dos pretos no Brasil, do nosso audiovisual que agora vive uma retomada, e do próprio festival, que resiste há tantos anos. E a imagem da película que envolve o punho é cinema na veia, o que nos move.”
PRESENÇAS CONFIRMADAS
Nesta edição, estão confirmadas em Paris as presenças de Antônio Pitanga (homenageado), Camila Pitanga (diretora doc “Pitanga”), Murilo Benício (diretor “Pérola”), Helio Pitanga (diretor “Nas Ondas de Dorival Caymmi”), Luiz Fernando Carvalho e Maria Fernanda Cândido (diretor e atriz de “A Paixão Segundo G.H.”), Liliane Mutti e Robertinho Chaves (diretora e ator de “Madeleine à Paris”), Sandra Kogut (diretora “No Céu da Pátria Nesse Instante”), Fernando Velasco (argumentista e roteirista de “Nosso Sonho”), Marcelo Freixo (presidente Embratur, personagem do documentário “No Céu da Pátria Nesse Instante”), Christiane Jatahy (diretora “A Falta que nos Move”), Bia Lessa (diretora de “O Diabo na Rua, no Meio do Redemunho”),Marcelo Botta (diretor de “Betania”), além de Wagner Schwartz (autor do livro “A Nudez da Cópia Imperfeita”).
MOSTRA COMPETITIVA
Na mostra competitiva, serão apresentados oito longas de ficção que concorrem ao Troféu Jangada de Melhor Filme, escolhido pelo público. “Betânia”, de Marcelo Botta, produção do Maranhão que também faz parte da seleção do Festival de Berlim; “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião, vencedor do Prêmio Félix de Melhor Filme Brasileiro e do troféu Redentor de Melhor Fotografia no Festival do Rio de 2023; “Saudade Fez Morada Aqui Dentro”, de Haroldo Borges, exibido no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo; “A Batalha da Rua Maria Antônia”, de Vera Egito, ficção vencedora do Festival do Rio de 2023 que se passa na época da ditadura no Brasil e será exibida no dia 31 de março, quando se completam 60 anos do golpe militar; “Pérola”, de Murilo Benício, que será apresentado em sessão com a presença do diretor seguida de debate; “Nosso Sonho”, de Eduardo Albergaria, com sessão também seguida de discussão com a presença do diretor, além do ator Antônio Pitanga; “Pedágio”, de Carolina Markowicz, vencedor do prêmio de melhor filme do Festival de Roma de 2023; e “O Diabo na Rua, no Meio do Redemunho”, de Bia Lessa, exibido no Festival do Rio e protagonizado por Caio Blat.
MOSTRA HORS-CONCOURS
Outras oito produções fazem parte da mostra hors-concours (fora de competição): “Propriedade”, de Daniel Bandeira, suspense selecionado para o Festival de Berlim e estrelado por Malu Galli; “A Paixão Segundo G.H.”, de Luiz Fernando Carvalho, filme baseado na obra de Clarice Lispector que foi exibido no Festival de Rotterdam; “Meu Nome é Gal”, de Lô Politi e Dandara Ferreira, que traz Sophie Charlotte no papel de uma das maiores cantoras do Brasil e é um dos filmes de encerramento do festival; “Levante”, de Lillah Halla, eleito o melhor filme das Seções Paralelas na premiação da Fipresci (Federação Internacional dos Críticos) em Cannes; “A Falta que nos Move”, filme premiado de Christiane Jatahy, com exibição seguida de debate com a presença da diretora carioca hoje radicada em Paris; “Mussum”, de Silvio Guindane, longa sobre a vida de um dos maiores humoristas brasileiros e grande vencedor do Festival de Gramado de 2023; “Crowrã (A Flor do Buriti), de Renée Nader Messora e João Salaviza, premiado no Festival de Cannes; e “Atiraram no Pianista”, de Fernando Trueba e Javier Mariscal, animação exibida na gala de abertura do Festival do Rio de 2023.
DOCUMENTÁRIOS
A mostra de documentários vai apresentar sete produções: na abertura do festival será exibido “Nas Ondas de Dorival Caymmi”, de Locca Faria, inédito na Europa; e no encerramento, um longa que terá sua primeira exibição, em première mundial: “Madeleine à Paris”, de Liliane Mutti, sobre a lavagem da igreja Église de la Madeleine. Inspirado na Lavagem do Senhor do Bonfim, o evento é a maior e mais importante tradição afro-brasileira na Europa, levando há 22 anos o candomblé e a música brasileira às ruas de Paris e reunindo mais de 60 mil pessoas caminhando e dançando ao som de músicas em português e línguas africanas, como o yorubá. A sessão será seguida de debate com a presença da diretora e de Roberto Chaves, o protagonista do filme.
Também compõem a mostra de documentários “A Invenção do Outro”, de Bruno Jorge, sobre a última expedição de Bruno Pereira, ainda inédito no Brasil, que será apresentado por Erika Campelo, copresidente da associação Autres Brésils; “Utopia Tropical”, de João Amorim, que traz depoimentos do linguista e ativista político norte-americano Noam Chomsky e do diplomata e ex-Ministro das Relações Exteriores Celso Amorim e ganhou Menção Honrosa no Festival Millenium de Bruxelas; “Chic Show”, de Emílio Domingos e Felipe Giuntini, filme inédito sobre os bailes negros de São Paulo nos anos 70 e 80; “No Céu da Pátria Nesse Instante”, de Sandra Kogut, que contará com debate com a presença da diretora e de Marcelo Freixo após a exibição do filme; “Sinfonia de Um Homem Comum”, de José Joffily, que recebeu menção honrosa no Festival É Tudo Verdade e traz a história de José Maurício Bustani, diplomata brasileiro e primeiro diretor geral da OPAQ (Organização para a Proibição de Armas Químicas);
ESTUDANTES PARISIENSES NA SESSÃO ESCOLAR
O Festival de Cinema Brasileiro de Paris recebe estudantes de diferentes escolas francesas que assistem a produções brasileiras e têm contato com alguns dos realizadores dos filmes. Serão exibidos na Sessão Escolar: “Nosso Sonho”, com a presença de Antônio Pitanga, que faz uma participação especial no filme; “O Beijo no Asfalto”, de Murilo Benício, que estará presente na apresentação do longa e no debate que acontece depois dela; “Três Verões”, de Sandra Kogut, que também terá debate depois da sessão com a presença da diretora; e o documentário “Chic Show”. Os três últimos filmes concorrem ao prêmio de melhor filme votado pelos alunos, entregue no final do festival.
MOSTRA ANTÔNIO PITANGA
A mostra que celebra a vida e carreira de Antônio Pitanga será a primeira homenagem que o ator recebe fora do Brasil e reúne seis filmes, além de um trecho de “Malês”, seu novo longa como diretor, ainda em finalização. A exibição de todos os filmes da mostra conta com a presença do ator e diretor homenageado. Serão apresentados “Barravento”, de Glauber Rocha, que contará com debate pós-sessão; “Ladrões de Cinema”, longa de Fernando Coni Campos que não passa em Paris há 40 anos e será traduzido para francês pela primeira vez pelo festival; “Na Boca do Mundo”, primeira obra dirigida por Pitanga; “Casa de Antiguidade”, de João Paulo de Miranda Maria; “Nosso Sonho”, em mais uma sessão que contará com debate com a presença do diretor, Eduardo Albergaria; e “Pitanga”, documentário sobre o ator dirigido por Camila Pitanga, que marca presença na sessão assim como Marcelo Freixo.
LANÇAMENTO LIVRO
O lançamento do livro “A Nudez da Cópia Imperfeita”, de Wagner Schwartz, será no dia 31 de março, no mesmo cinema onde serão realizadas as sessões do festival. Em 2017, quando apresentava a peça “La Bête”, releitura do livro “Bichos”, de Lygia Clark, no MAM de São Paulo, Wagner estava nu e foi tocado por uma criança acompanhada da mãe. A cena foi filmada e postada fora de contexto, o que originou ataques e ameaças de morte ao ator. A obra conta os bastidores e consequências sofridas por Wagner após ser acusado injustamente de pedofilia e receber inúmeros ataques carregados de ódio da extrema direita.
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SOBRE O CINEMA L’ARLEQUIN: O cinema independente L’Arlequin fica situado em Saint-Germain-des-Prés, no 6eme arrondissement de Paris, um bairro histórico e famoso por sua relevância cultural. O cinema é um dos raros locais onde ainda são projetados filmes em película de 35 e 70 mm, e o espaço é conhecido por ter uma sala de confraternização elegante e moderna, com uma decoração estonteante. L’Arlequin abriu suas portas em 1934 e tem grande importância no cenário cinematográfico francês por receber festivais de cinema do mudo inteiro, incluindo o Festival de Cinema Brasileiro de Paris.