Há quatro anos chegava ao Paraná, para me estabelecer em uma capital menor e mais viável, depois de quase quatro décadas de vida ininterrupta no Rio de Janeiro, saturado pelos oito milhões de habitantes. A época, não tinha conexões suficientes que priorizassem o teatro e fui sozinha conferir a estreia de “Amar e mudar as coisas me interessa mais”, movimento que repeti há dois dias atrás, já entre amigas e com um filho paranaense, como provas de que o tempo promove o que presta e elimina o que não tem consistência, em referência aos laços perenes e os que acabam. Do mesmo modo, músicas sem qualidade podem até ganhar títulos, mas só as que nos fazem refletir sobre a existência ficam, tal e qual a obra de Belchior, que inspira este espetáculo, agora, em cartaz no Teatro Zé Maria, até dia 17, por R$10. Nas próximas linhas, falarei de alguns motivos para priorizar esta alternativa em detrimento de todas as outras, durante o seu fim de semana.
Elaborar a solidão que nos confronta com o próprio vazio interior e com a falta de identificação com a qual nos deparamos, por não nos sentirmos compreendidos, tampouco aproximados das pessoas ao nosso redor, ou mesmo de todo um meio social. Isto acontece logo de saída, quando o elenco entoa “Sujeito de sorte”, com seu célebre verso “tenho chorado demais, tenho sangrado pra cachorro. Ano passado eu morri, mas este ano eu não morro”.
A reflexão se adensa para contemplar origens, quando “O que foi feito devera” mistura à música três cantos nativos dos índios Kraó, para convidar o público a se ver à luz de um povo que é mais diverso, plural e tristemente renegado em sua origem mais remota, tamanha opressão da colonização, apagamento do valor dos povos indígenas e promoção do europeu, ao ponto deste último soterrar o primeiro e assumir lugar hegemônico até mesmo para a identidade do brasileiro.
Do amor próprio ao amor que pode ser entregue a alguém, o espetáculo perpassa para “Pérola Negra”, “Tente me amar porque eu estou me amando”, “Amor”, entre outras músicas que permitem alguns reforços de autoria, para refletir sobre as questões da aceitação, convivência e até violência doméstica, cada vez mais chancelada e prevalente, vide noticiários.
Dos cacos humanos que são feitos e multiplicados pela cultura do ódio e da violência, ressurge a necessidade urgente de integração e unidade, como um bálsamo curativo entregue ao público, através de “Cancíon con todos”, imortalizada pela interpretação pungente da cantora argentina Mercedes Sosa e revitalizada pelo Coro Cênico de Curitiba.
Toda esta catarse está logo ali, esperando por você, através de naipes de vozes diferentes, musicistas, luzes e magia, pela contrapartida de R$10. Afinal, o que tem valor, muitas vezes, prescinde de preço.
Serviço: Espetáculo “Amar e Mudar as Coisas Interessa Mais” – Coro Cênico de Curitiba
Datas da temporada: 12, 13, 14, 15 e 17/04 às 20h e 16/04 (domingo) às 19h.
Local da temporada: Teatro Zé Maria (R. Treze de Maio, 655 – São Francisco, Curitiba – PR)
Ingressos: Inteira – R$10 + taxas, Meia – R$5 + taxas.
Vendas pelo Ticket Fácil
Realização: Coro Cênico de Curitiba
Apoio: Centro Cultural da Espanha, França da Rocha Advogados Associados, Fundação Bianca Bianchi, MarqImpacta PDV, SESI Cultura
Incentivo: Celepar e Consórcio Servopa.
PROJETO REALIZADO COM RECURSOS DO PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO À CULTURA – FUNDAÇÃO CULTURAL DE CURITIBA E DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA
Ficha Técnica:
ELENCO:
SOPRANOS: Ariane Souza, Baeni, Cristina Souza e Sol do Rosário
MEZZO-SOPRANOS: Janaína Lemos, Luísa Teles e Natália Laibida
CONTRALTOS: Daiane Cristina, Tainara Baságlia e Veronica Melhem
TENORES: Alisson Santos, Edson Morais, Igor Ribeiro e Jeff Araújo
BARÍTONOS: Clauber Ramos, Guilherme Mendes Muniz e Nicholas Oher
BAIXOS: Kimera e Paxóla
MUSICISTAS:
Piano: Rudson Malheiros Percussão: janasq Guitarra/
violão: Elias Fernandes
Baixo: Juliano Brustring
Bateria: Claudionor Florentynse
Flauta Transversal: Laryssa Martins
Sax Alto: Lethycia Martins
Trompete: Fernando Henrique Amaral
EQUIPE DE CRIAÇÃO:
Direção Cênica: Léo Moita
Assistência de Direção Cênica: Naiara Parolin
Direção Musical: Baeni e Igor Ribeiro
Direção de Produção: Tainara Baságlia Produção Executiva: Sandy Keller
Assistência de Produção: Guilherme Mendes Muniz
Direção de Marketing e Comunicação: Veronica Melhem
Design Gráfico: Bruno Aguiar
Mídias Sociais: Janaína Lemos
Preparação Vocal: Helen Tormina Cenografia: Ju Choma
Figurino e Maquiagem: Luísa Teles e Nicholas Oher Costureira: Helena Pinheiro
Iluminação: Erica Mityko
Coordenação de Audiovisual: Willian G Martins Audiovisual: Sofia da Silva Maia e Douglas Mercer dos Santos
Fotografia: Maju Tohme
Assessoria de Imprensa: Build Up
Media Idealização: Cainã Alves, Igor Ribeiro, Léo Moita e Naiara Parolin
Agradecimentos/Colaboração: Cainã Alves, Cáritas da Arquidiocese de Curitiba, Centro Cultural Teatro Guaíra, Luciano de Lucio, Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Paraná (SATED/PR) e Raul Freitas
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Fotos e vídeos por Raquel de Andrade