Espetáculo argentino do diretor Guillermo Cacace faz parte da programação da
Mostra Lucia Camargo, com duas apresentações no Teatro Cleon Jacques
Um dos pontos altos da programação do 33º Festival de Curitiba, na Mostra Lucia Camargo, são três versões selecionadas pela curadoria de um mesmo espetáculo do russo Anton Tchekhov (1860-1904): “A Gaivota”, concebida como comédia, mas tida por muitos desde seu lançamento em 1895 como um drama. Nos 130 anos da peça, o público poderá conferir três inspirações ou adaptações do texto de Tchekhov: “Júpiter e a Gaivota”, “Ao Vivo” e “Gaviota”.
E uma dessas versões faz parte do chamado Eixo Latino, composto por quatro trabalhos vindos da Argentina e Uruguai: “A Velocidade da Luz”, “Gaviota”, “No Estoy Solo” e “El Desmontaje”. “Gaviota” terá duas apresentações no Teatro Cleon Jacques (Parque São Lourenço) nos dias 31 de março e 1º de abril. Os ingressos estão à venda pela bilheteria do Shopping Mueller e site oficial.
“Criada no núcleo da companhia do diretor Guillermo Cacace em Buenos Aires, e aclamada em vários países pelas notáveis atrizes que compõem seu elenco exclusivamente feminino, o espetáculo ‘Gaviota’ desafia as convenções teatrais e borra os limites entre o espaço da ficção e o do público”, apresentam os curadores Daniele Sampaio, Patrick Pessoa e Giovana Soar.
No espetáculo ‘Gaviota’, a vida lembra o palco abandonado e carcomido da peça à beira de um lago, com o vento balançando a cortina ao ar livre que soa como o grito dos derrotados. A personagem Masha tenta juntar os pedaços dessa história de amores que não correspondem, de sonhos que se desfazem quando são realizados e da dor que se acumula ao longo dos anos.
“O projeto surge do interesse em continuar investigando Tchekhov, autor de quem já havíamos feito uma versão de sua primeira obra, imatura e quebrada: Platonov. Nesta adaptação decidimos trabalhar uma síntese com os personagens que consideramos essenciais para contar a história e utilizando Masha, que trabalha na casa de Arkádina, como os olhos que nos acompanham para descobrir cada um desses corpos quebrados. Entendendo Tchekhov como o autor que consegue unir o cotidiano ao sublime, um ato praticamente impossível, procurei identificar ao longo da obra original o que há de trágico em cada um desses personagens, concentrar o que há de essencial nas cenas e garantir que a passagem do tempo seja incorporada à cadência e ao ritmo dos diálogos”, explica o diretor Guillermo Cacace.
Ao mesmo tempo, por se tratar de uma peça que começou na pandemia, os ensaios virtuais também afetaram o trabalho de dramaturgia finalizando a construção da versão que apresentamos hoje. “Qual é a essência desta obra mítica? O que a Gaivota pode nos dizer hoje? Como podemos desconstruí-lo e reconstruí-lo? Como é construída a dramaturgia com atrizes interpretando todos os papéis, que impacto isso tem nos diálogos e na poética? Procuramos manter o trabalho da dramaturgia na encenação, como espaços indivisíveis, como um trabalho constante que terminará ou não no momento da estreia. Esta versão de ‘Gaviota’ propõe o impossível de alcançar o sublime do original a partir de um sussurro, captando o essencial e tudo o que não pode ser dito”, destaca.
Guillermo Cacace
“Em fevereiro de 2020, daria a um grupo de atrizes a oportunidade de ler a obra que queria transformar em exercício. Eu queria aquelas atrizes e aquele material e pouco me importava com a indicação dos gêneros que a peça poderia exigir: precisava delas, das suas sensibilidades. Foi o texto que prometi a mim mesmo escrever antes de morrer”, conta o diretor.
Segundo Cacace, logo que a pandemia foi declarada, era hora de dar corpo a esse desejo. “A versão dada para leitura foi criada por um dramaturgo companheiro de viagem, companheiro de outros ‘Tchekhovs’. Ali, naquela versão, Masha, funcional e autopercebida, como personagem secundária, protagonizaria uma reviravolta: ela quebrou a hierarquia das vozes que normalmente são ouvidas, as eternas vozes principais”.
“Gaivota é um animal e a obra em sua lógica composicional comprova a trajetória que vai de animal/humano a animal, depois se deixa permear por um ser quase vegetal, para finalmente habitar um silêncio mineral. Um humano mata um animal, um lindo pássaro; o teatro está morrendo, os laços se desgastam, a dor explode e no meio dos nossos ensaios é declarada uma guerra que nomeia a cada minuto a base territorial onde Tchekhov situa a ação, Kiev, capital da Ucrânia. Qual é o corpo que age, que dirige, que escreve, que produz, que assiste, que isenta?”, questiona Cacace.
A Mostra Lucia Camargo é apresentada por Petrobras, Sanepar, CAIXA e Prefeitura de Curitiba, com patrocínio de CNH Capital – New Holland, EBANX, ClearCorrect – Neodent, Viaje Paraná – Governo do Estado Paraná e Copel – Pura Energia, além do patrocínio especial da Universidade Positivo.
Acompanhe todas as novidades e informações pelo site do Festival de Curitiba www.festivaldecuritiba.com.br, pelas redes sociais disponíveis no Facebook @fest.curitiba, pelo Instagram @festivaldecuritiba e pelo Twitter @Fest_curitiba.
Ficha Técnica:
Dramaturgia: Juan Ignacio Fernández;
Direção: Guillermo Cacace;
Elenco: Raquel Ameri, Marcela Guerty, Clarisa Korovsky, Muriel Sago y Romina Padoan;
Assistente de Direção: Alejandro Guerscovich;
Produção Executiva da Turnê: Romina Ciera;
Produção: Romina Chepe.
Serviço:
Gaviota
Mostra Lucia Camargo – Festival de Curitiba
31 de março e 1º de abril
Teatro Cleon Jacques (Parque São Lourenço)
Gênero: Drama
Classificação: 18 anos
Origem: Buenos Aires, Argentina
Duração: 100 minutos
Instagram: @gaviota.obra
33º Festival de Curitiba
Data: De 24/3 a 6/4 de 2025
Valores: Os ingressos vão de R$00 até R$85 (mais taxas administrativas).
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria física exclusiva no Shopping Mueller (Segunda a sábado, das 10h às 22h e, domingos e feriados, das 14h às 20h).
Verifique a classificação indicativa e orientações de cada espetáculo.
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